terça-feira, 12 de junho de 2012

Mizu no Kokoro



Conceito/Parábola famosa no oriente, mais precisamente no Japão que numa tradução meio grosseira quer dizer Mente como água. Ou Mente e Coração como água, já que no oriente, nossas emoções e racionalidades estão interligadas e não completamente separadas como no ocidente. Caso para se estudar também.
 
Nossas emoções e pensamentos são como um lago. Imaginem-se frente a esse imenso lago. De água cristalina e serena. Completamente parada. Esse é seu estado natural. Você está relaxado, com os pés mergulhados nessas águas. Ela reflete o céu e tudo ao redor. Pássaros voando, árvores...e sua imagem, inclusive. Uma mudança brusca de clima, uma rajada de vento mais forte irá causar turbulência nesse lago. Causará ondulações e perturbações. Mas como sabemos, isso é passageiro. Ao fim, lá estará sua imagem refletida. Isso acontece na nossa vida e é inevitável. Há de se saber enfrentar com serenidade e sabedoria. Assistir a esses eventos sabendo eles são passageiros. E ao final de cada um deles, sermos os mesmos. Mais fortalecidos ainda.
 
Mas o que mais me surpreende é perceber que essa água no lago nunca fica parada. Há permanentes ondulações que distorcem a visão, que perturbam as emoções. Há interferências demais, há pedras jogadas nesse lago e por isso ele nunca fica sereno, ele nunca reflete a verdade e sim uma versão distorcida e falsa das coisas. Não nos permite ver as coisas como elas são. Quem joga essas pedras? Nós mesmos, oras. Há pedras alheias? Claro! Mas basta esperar um tiquinho que a onda some e tudo está natural novamente e ao invés disso a gente joga mais pedras em cima de pedras.
 
Quando a gente olha as coisas de "fora", de "cima" fica óbvio perceber como interferimos e perpetuamos todas essas perturbações e ondulações. Toda a TURBULÊNCIA. Nos acostumamos assustadoramente com elas. Se tornam "normais". As ondas naturais virão. Devemos permanecer tranquilos. Há coisas que independem de nós, mas a forma como reagimos a elas sim, dependem só de nós, assim como deixar de poluir ainda mais as límpidas, cristalinas e serenas águas de nosso lago mental e emocional.
 
PS. 1: Esse é último post desse Blog, talvez outro venha substituí-lo. Foram 109º e ele não será desativado, só não será mais atualizado. Seu própósito foi cumprido.

PS. 2:
http://mentirinhas.com.br/wp-content/uploads/2012/01/mentirinhas_217.jpg
Agora com licença que eu tenho uma caixinha ali para abrir...
http://mentirinhas.com.br/wp-content/uploads/2012/01/mentirinhas_2051.jpg

PS. 3: Acho esse quadrinho o mais filosófico, mais perturbador, mais reflexivo e lindo que já vi.
 
Abraços!
Samuel 
 
 
 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Uma frase...

"Se você quer ter coisas que nunca teve, deve fazer coisas que nunca fez!"

quinta-feira, 24 de maio de 2012

TUDO É (OU DEVERIA SER) AMOR!!!


Independente da vida e obra de Chico Xavier, esse texto é de uma reflexão linda, simples, porém profunda sobre como tudo é movido pelo amor, seja ele puro ou deturpado, como o transformamos.

Vida: É o amor existencial
Razão: É o amor que pondera
Ciência: É o amor que investiga
Filosofia: É o amor que pensa
Religião: É o amor que busca Deus
Verdade: É o amor que eterniza
Fé: É o amor que transcende
Esperança: É o amor que sonha
Caridade; É o amor que auxilia
Sacrificio: É o amor que esforça
Renúncia; è o amor que se depura
Simpatia; É o amor que sorri
Trabalho: É o amor que constrói
Indiferença: É o amor que se esconde
Paixão: É o amor que se desiquilibra
Ciume: É o amor que desvaira
Egoismo: É o amor que animaliza
Orgulho: É o amor que envenena
Vaidade; É o amor que embriaga.

Finalmente, o ódio que julgas ser a antitese do amor , não é senão o próprio amor que adoeceu gravemente"

Chico Xavier
 
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terça-feira, 8 de maio de 2012

Era da consciência


Rumo a Era da Consciência

Onde estamos? Aonde chegaremos? O que fazer com esse enorme contingente de informações que nos chegam de todos os meios? Como isso nos acrescenta?

A Era da Informação nos trouxe um manancial de informações, óbvio! Informações em tempo real sobre tudo em qualquer parte do planeta, inclusive também fora dele! Hoje conseguimos acessar históricos maravilhosos de civilizações, conhecimentos perdidos, podemos socializar os conceitos de várias culturas com apenas alguns cliques, viajar por lugares sem sair do lugar, não esquecendo de documentários maravilhosos sobre quase tudo, entre tantas possibilidades.

Lembra aquela brincadeira de falar uma frase no ouvido do colega e esta vai sendo repassada para cada um da roda até que a mesma chegue ao autor? Imagine isso em escala mundial...

O fato de estarmos conectados e vivendo num mundo globalizado traz um truncamento nas informações, como também um grande movimento de massa (milhões de pessoas). Muita coisa do que lemos já sofreu uma bruta metamorfose e nos chega com conceitos e julgamentos de cada pessoa ou mídia que a manipulou.

E é exatamente essa demanda de informações que nos chama a atenção para a necessidade de um filtro pessoal. E é à essa escolha por parte de cada pessoa está nos conduzindo para uma "Era de Consciência".

Uma era onde as pessoas assumem a importância de quem são e também a responsabilidade sobre seus atos, passando a filtrar num nível pessoal não somente o que é bom ou ruim mas, pensando num objetivo mais altruísta, o que nos enobrece daquilo que nos limita.

Nosso mundo está se tornando cada vez mais globalizado para que possamos desconstruir nossos julgamentos e conceitos pela interseção de culturas. Todas as verdades são válidas, mas ainda estritamente pessoais, porém estas só serão suficientemente boas se forem flexíveis ao ponto de serem constantemente reformuladas com objetivos de expansão, tal como a tecnologia e a velocidade das informações.

A expansão e o desenvolvimento obtidos nessas últimas décadas é sem precedentes. Mas você concorda que ainda nos falta algo? Mesmo com tanta informação há um sem número de desinformados.

A globalização é maravilhosa para o compartilhar de conhecimentos, para descobrirmos que a diferença entre nós e outros é tão somente a localização geográfica e a cultura local.

Já imaginou que caso tivesse nascido do outro lado do mundo, seus conceitos e idéias atuais seriam totalmente diferentes? Se conseguirmos esse olhar sem fronteiras, a era da informação e a própria globalização terão nos proporcionado um grande avanço na escala da evolução.

Em verdade, cidades, países e continentes não vieram com barreiras ou fronteiras, fomos nós quem as criamos pela simples necessidade de enxergarmos tudo com uma moldura. Porém, ao mesmo tempo que a moldura embeleza, também encerra e delimita espaços.

É preciso que a Era da Informação e a escolha individual por uma realidade melhor nos traga o benefício da visão panorâmica, sem limites, sem lugar para conceitos, 'pré-conceitos' ou julgamentos limitantes. Nossas maiores barreiras atuais são as internas, e não há como quebrarmos o que está fora se não o fizermos primeiramente dentro de nós.

E é assim que a Era da informação dará lugar a Era da Consciência.

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Sintetizado, simples e direto, o texto.

Por por Monik Ornellas






sexta-feira, 4 de maio de 2012

Percepções sobre a mente humana – O experimento da conformidade de Solomon Asch






Todos sabemos que o ser humano segue tendências. Nós copiamos das pessoas o jeito de vestir, de andar, de falar, de comportar-se. Isso é muito acentuado na adolescência, quando a necessidade de ser aceito é mais intensa. Mas até que ponto esta tendência de ser igual nos afeta? Você acha que o ser humano é capaz de dar uma resposta errada, mesmo sabendo a correta, só para acompanhar os demais?

Na década de 50 do século passado, Solomon Asch conduziu uma série de experimentos que comprovariam a tendência humana de seguir a opinião dos outros.

O experimento

Ele fez o seguinte: foram colocadas várias pessoas em uma sala com o objetivo de fazer um teste de visão. Variações da figura abaixo eram mostradas ao grupo e, após cada uma, perguntava-se qual das linhas (A, B ou C) era igual à da esquerda. O grupo era composto de 9 pessoas, sendo que 8 eram atores, ou seja, após algumas rodadas dando a resposta correta, eles começavam a dar a mesma resposta incorreta. Eles faziam parte do jogo sem a outra pessoa saber. Metade do tempo falavam que a linha era menor e a outra metade que a linha era maior do que a apresentada. O participante cobaia era sempre o sexto a responder.

Oberservando a figura acima, obviamente percebe-se que a resposta correta é C. Você só responderia errado se estivesse sob efeito de algum alucinógeno. Perceba que não estava sendo solicitado para observar um desenho complexo ou uma situação a ser interpretada.


A descoberta

Os resultados surpreenderam até mesmo Solomon Asch:

- 50% das pessoas deram a mesma resposta, seguindo o grupo, mesmo que ele estivesse errado.
- apenas 25% das pessoas negaram a dar as respostas erradas.
- no total, a taxa de conformidade foi de 33%.

Asch entrevistou as pessoas após o experimento. Os sentimentos relatados são bem parecidos com aqueles que já você já sentiu:

* todos sentiram ansiedade, com medo da reprovação pelos demais;
* a maioria disse que sabia qual era a linha correta, mas sentia que o grupo estava correto;
* alguns disseram que seguiram o grupo para não destoarem, mesmo sabendo que o grupo estava errado;
* um pequeno número disse que estava vendo a linha do mesmo tamanho apontado pelo grupo.

Ser conformista ou não: eis a questão

Este dilema shakesperiano nos acompanha todos os dias. Tem horas que agir conforme o grupo é uma benção, em outras uma armadilha. Muito do convívio social depende deste ato natural; caso contrário, nossa existência seria impraticável. A conformidade é inerente ao ser humano e, assim como você dever estar atento a todas as suas capacidades e dons, deve estar atento a mais este também.

Cabe a cada um a decisão de como agir. Mas, para que seja adequada, é necessário autoconhecimento, autoestudo e autoobservação. Você pode até estar pensando que é um não-conformista, até achar outros não-conformistas e agir da mesma maneira que eles.

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Outro dia, em papo de boteco, expus meu ponto de vista quanto a grupos, seja lá qualquer espécie. É totalmente isso mesmo. E o perigo: Tem gente que é do contra de tudo, sem embasamente nenhum, sem experimentar nada, mas o é simplesmente para causar polêmica e, acho eu, se sentir "inteligente". Olha até que ponto o negócio é enraizado: Não é raro encontrar pessoas que pensam sobre isso, que questionam e buscam e....encontram grupos com os mesmos anseios. Pronto. Mais um grupo. Esse, de pessoas que já se acham superiores aos alheios.

É impressionante e assustador perceber de quantas infinitas muletas o ser humano precisa para se manter em pé. Eis mais uma. Meio implícita, mas bem forte.



terça-feira, 17 de abril de 2012

A Outra Terra....o outro eu, outros de nós...

Ontem assisti A Outra Terra. Muito bonito o filme, porém bem dramático e reflexivo, que usa a Sci-Fi como um "fundo" na história. No dia em que é anunciado a descoberta de um Planeta gêmeo à Terra, Rhoda, uma estudante de astrofísica, fica deslumbrada com o pontinho azul no céu e acaba colidindo seu carro contra o de John Burroughs, deixando-o em coma e matando sua família. Ela fica 4 anos presa e quando solta, cheia de culpa, o procura. Mas as coisas tomam um outro rumo. Em paralelo, as notícias e rumores sobre "Terra II", que agora está muito mais próximo, tomam conta de todos. Há belíssimas fotografias e poucos e ótimos diálogos.

Não conto mais senão estraga. Mas o filme levanta várias ótimas reflexões: - Se existisse um outro de você em outro lugar e vocês pudessem ter uma conversa, o que perguntaria à ele? - Quais conselhos daria? 
- Sempre podemos recomeçar, e não é preciso esperar ninguém nem nenhum evento para isso; - Podemos começar a reconstruir nossas vidas neste mesmo instante, voltar e pegar a estrada certa. Decisões certas.


terça-feira, 10 de abril de 2012

poíesis


A embebida destilada em alma
convertida chamuscariante.
Na alva, encontrava-se...
vascilante, priberavam

Outrora fenecidos e honetos,
tardigradio, desgramava-se.
Figurava incólume.
Isento em si. Peias!

Desporto não rimado,
conjecturava indistinto.
Conjugava o verso garrote
Declinando e advencendo.

Ausentando o rido,
Exaltando o bulício,
Estrépito fargor,
embebida destilada em alma

by Samuel S/A

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"O ARTISTA"





quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sem tags...

Um átomo

Lute, não desista!

Viver é uma ironia muito grande.

Porquê tudo dói? Porquê tudo ainda machuca?

Descubra! Desvende!

Eu sei. Eu vejo. Eu sinto. Mas ainda não sei evitar.

e Saber não muda nada a condição e situação. Atue! Experimente!

A cada curva do rio há uma surpresa...Esteja preparado, mas sem ansiedade.

Eu sei que o peso das coisas são proporcionais às atenções que lhes dedicamos.

Mas porque tem gente que consegue amortecer e outras explodem?

E a esperança? Essa é um perigo. Não é sabia. Com objetivo, organização e disciplina, preparamos o futuro que almejamos. Pode ter algum desvio, algum imprevisto, mas estando preparado, contorna-se. A esperança gasta nossa energia, não passa de sonhar acordado e esperar as coisas caírem do céu. Pode virar uma baita decepção e quase sempre assim é.

Mas cada um há de comer do pão que amassou. E cada um tem seu próprio juiz no seu próprio tribunal interno. Mas quem frequenta as audiências? Quem tem coragem? Você é o juíz, você é o réu, o acusado e seus advogados e promotores. Questione e interrogue-os. Assuma sua posição e descubra a VERDADE e dê sua sentença. Absolva quem tem que ser absolvido. Seja justo com você mesmo.

É tanta, mas tanta coisa tão profundamente enraizada na gente. Crescemos aprendendo tanta coisa anormal sendo considerada normal. Nos ensinam a disputar e não a dividir.

Nos identificamos com todo tipo de lixo humano. Medo do inferno? Do juízo final? Eles estão aqui dentro de cada um de nós. O tempo todo. Somos os monstros e diabos, oras...

Adoramos toda erotização e o sexo casual. Glorificamos as falcatruas. Idolatramos a imagem, veneramos o dinheiro e curtimos nossa depressão.

Acreditamos que o podre alheio fede muito mais que o nosso.

Aceitamos as imposições sociais. Envaidecemo-nos com nossos orgulhos tolos. Limamos a criatividade, espontaneidade e intuição e nos elevamos com a violência.

Usamos o que resta de bondade e solidariedade como lucro e ascenção material.

Deturparmos a beleza. Distorcemos a graciosidade.

Quem tem, quer mais pra sugar quem quer também. E se não for assim, será "engolido" pelo mundo. Não é assim que ensinam? Ou você é o Leão ou é a Gazela? Corra!!! Caça ou caçador?

E assim vai. 

Mas...

Lute e não desista!

Estamos usando a tecnologia como quadros do Dorian Gray. Somos feios e estúpidos e temos um batalhão de vermes por dentro, mas pintamos um quadro perfeito, lindo e inteligente para nos apresentar ao mundo, que por sinal, faz o mesmo. E por incrível que pareça, nos sentimos cada vez melhores com isso. Somos artistas políticos.

ISSO é fantasia e mundo de sonhos. ISSO é estar na Matrix! E ISSO é IRREAL. É só aparência!

Temos sim, corpos perfeitos que envenenamos, infectamos toda vez que abrimos ou fechamos a boca. Seja usando o verbo e propagando discórdias e rancores ou nos alimentando de aberrações químicas e nefastas.

Dá medo olhar para dentro e não se conhecer. Não foi assim que a gente nasceu. Isso é o que nos ensinam a ser. Isso é o que nos torna "socialmente aceitáveis". Isso é "fazer parte" do mundo. Hoje somos globalizados e cada vez mais egoistas e bairristas. Somos mais de 7 Bilhões de perdidões disputando e concorrendo num jogo de vida ou morte, destruindo nosso lar, ou melhor, arena Terra. Mas há de se enfrentar o medo e olhar para dentro, se descobrir e renascer. Tudo o que é ruim no mundo, tudo o que está defeituoso no exterior não passa de reflexo do que somos por dentro. Porque tudo o que há na vastidão do Universo, há também dentro de nós.

Lute. Não desista!

Estou revoltado sim. Mas calmo. Quem disse que uma revolta tem que ser agressiva?

Olhe em volta e perceba se não é verdade. Olha pra dentro e VEJA. Não me diga que não faz parte disso. Todo mundo tem sua parcela de participação.

E nunca devemos ter vergonha de mudar de idéia. Isso não é nenhuma vergonha ou sinal de fraqueza. Pelo contrário, é nobre e requer coragem. É expressar liberdade. Se posso mudar de idéia sobre algo, é porque foi objeto de análise. Paradigmas existem justamente para serem quebrados.


Sistema solar

quinta-feira, 29 de março de 2012

Um cantinho para refletir...hehe

A Mariana (2 anos) estava aprendendo sobre o cantinho do castigo. A mãe, muito paciente, explicou:

- Filhota, você não pode riscar o sofá, não pode fazer malcriação e não pode gritar... Não desobedeça a mamãe, se não eu vou ter que colocar no cantinho pra você refletir e pedir desculpa pelo que fez. Passados 10 minutos, a Mariana pegou uma caneta e riscou o sofá. Prontamente, me chamou e disse:

- Posso ir pro cantinho refletir?

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Criança é um ser livre. Sem medo, sem hipocrisia, sem amarras...ahhhh que delícia. A Mariana simplesmente pesou o prazer de riscar o sofá com o castigo e percebeu que.....valia a pena...hahaha

Criança não tem apegos materiais, nem com os brinquedos....a gente é que ensina isso...a "cuidar" e ser egoísta, a tomar conta de tudo. Fora que muitas vezes a embalagem do presente é muito mais interessante que o "recheio".

Olha aí um bom uso para a televisão:


terça-feira, 27 de março de 2012

Ler faz bem...

Gosto de ler. Não só como "passatempo", mas como um exercício mental. Claro que não é garantia de tornar ninguém "mais inteligente". Mas menos também não. Mas há de se saber moderar, como tudo na vida. Não se pode deixar trocar seus próprios pensamentos pelos de autores. Como um alimento para o corpo, deve ser uma leitura de boa digestão. Deve-se somar e não anular, ou alienar.

Não obstante, adoro ficções que brincam com a realidade, com a cegueira e distrações a que o ser humano se aprisionou sem sequer se dar conta. Gosto de alegorias. Acho-as uma boa forma de fazer enxergar outros ângulos. Acredito que boas leituras podem abrir casquinhas para a verdadeira realidade do mundo. E que aproveitemos essas lascas e aberturas para aprendermos a pensar. Com liberdade. Fora de padrões e conceitos. Enfim, também ando lendo outras coisas que depois posso vir a comentar por aqui.

Ou não...


Eu, Robô, do Issac Asimov é um clássico absoluto da Ficção Científica. É magistral. As 3 leis que regem as condutas dos Robôs perante o ser humano parecem perfeitas. Será que são? Será que o ser humano pode criar algo mais perfeito (em conduta e ética) que ele próprio?


A realidade é o que vemos ou são só percepções e pontos de vistas diferentes? Qual é o UBIK de cada um? Nós o usamos constantemente? Para quem gostou de Matrix, Vingador do Futuro, Minority Report e Vanilla Sky é um prato cheio.


Woody Allen é hilário nessa coletânea de pequenos contos sobre...adultério. Brinca de forma deliciosa sobre os relacionamentos "mudernos". A gente distorceu completamente o que seja amor e matrimônio. Ninguém mais parece ser sério. Aqui é para rir de nossas ridículas amarras.

Aqui a coisa fica mais profunda. A história de Sidarta, garoto adorável e erudito que abdica de conforto e lisongeios e sai pela Índia à procura de seu verdadeiro EU. Aprende a jejuar com os Samanas, a meditar, encontra Buda, rejeita sua doutrina...torna-se homem de negócios, aprende sobre o sexo, entre tantas outras coisas para enfim perceber o que É. Inesquecível obra de Hermman Hesse.

terça-feira, 20 de março de 2012

Quem está acordado em Monte Castelo?

A Intertextualidade na Música Monte Castelo de Renato Russo


Achei um texto magnífico sobre essa música. Quantas referências o Renato usou nela e de forma magistral.

Pensa: Quantas vezes já a ouvimos e não demos sequer conta de entender as frases? Todos brandamos Renato Russo como gênio e nem sequer entendemos as letras. É... Estamos em quase pemanente "transe". Estamos em piloto automático. Estamos com os ouvidos, visões, paladares, tatos e olfatos viciados e dormentes. Mas ele já sabia e cantava:

"Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem."
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A letra:

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem. Todos dormem.

Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face.

É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

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O artigo trata da conversa que o compositor Renato Russo trava em sua música “Monte Castelo”, com o famoso poema de Luís de Camões “Amor é um fogo que arde sem se ver” e com o texto bíblico “O amor é um dom supremo” escrito pelo apóstolo Paulo à Igreja de Corinto. Há ainda a alusão do título da música a uma batalha da Segunda Guerra Mundial vencida por soldados da Força Expedicionária Brasileira; batalha na qual, apesar da vitória, ocorreu uma baixa de 1000 pracinhas. A motivação em se trabalhar a intertextualidade presente nessa música veio da observação do ajustamento perfeito do tema “Amor” que o compositor conseguiu mesmo promovendo o diálogo entre obras tão distintas como o poema de Camões, que fala de um amor Eros (homem-mulher, possessivo) e a carta de Paulo, esta tratando do amor Ágape (o amor altruísta, generoso). Dessa forma, o objetivo foi encontrar na música o elemento chave que une os dois textos e seu título. Assim, foi feito o estudo dos três textos e o contexto em que foram escritos, chegando-se à afirmação de o amor ser tratado como um sentimento que se concretiza na ação; e esta sempre acarretará em alguma forma de dor nobre.


Soldados brasileiros na Batalha de Monte Castelo

Mas como todos sabemos, a verdadeira guerra está aqui dentro.








quinta-feira, 15 de março de 2012

...mais tirinhas...geniais...adoro

Deus é de Leão? Nasceu em Julho? kkk, mas brincadeiras à parte, se fizer piada com a minha piada, eu o bloqueio do blog ... hahaha

Alguém duvida disso? E se o BBB fosse a autêntica exposição do ser humano como ele é, estaríamos perdidos. Bom, na verdade, aqueles chimpanzés da casa podem retratar bem os seus telespectadores....eles se completam.

Mas definitivamente, NÃO é todo mundo assim.

Ah...a hipocrisia nossa de cada dia.

Isso é hilário! E acontece com frequência!

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço...

Justo, oras...rs

Sad, but true...


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E antes que alguém me acuse de demagogo e hipócrita no meu próprio blog, SIM, eu me vejo em várias situações assim. E é bom quando a gente SE ENXERGA! É o 1º passo para melhorar.

Mas enquanto não somos santos perfeitos (não o time, porque o time já é...rs), vamos manter certo bom humor enquanto descobrindo nossas proprias fragilidades e personalidades.

terça-feira, 13 de março de 2012

Já ouviu Guilherme Arantes? E Fábio Goes? e Jair Naves?


A música sempre esteve presente na nossa vida. Desde bebês. Somos criaturas sonoras por natureza.

Hoje me deparei com um artigo lindão sobre o Guilherme Arantes no Scream & Yell (sempre lá...!!!) e fiquei surpreso e feliz. Sempre gostei do cara, desde a mais tenra idade. E é estranho, mas cava fundo na memória e chego a sentir quase que o cheiro do momento: - Viajando de carro com papai, mamãe, sister e vovó para a praia escutando Guilherme Arantes. Era músicas que embalavam meus sonhos infantis e plantava uma semente a se desenvolver. Enfim...se hoje sou músico (meia-boca), devo uma parte disso (a boa, claro) ao Guilherme Arantes. Também quando passeio de carro com Yuri, percebo que agora ele presta MUITA atenção nas músicas e isso é maravilhoso. Tenho que escolher bem qual será a trilha sonora dele, aos 5 anos, nesses passeios. Semear boas sementes e retribuir.

Aqui também tem uma carta do próprio Guilherme, de 2006, respondendo a um jornalista sobre os (des)caminhos de sua longa carreira. Carta brilhante e sincera. Com rara inteligência, honestidade e integridade.

Mais um link? Aqui tem um pacotão de downloads de vários trabalhos de artistas novos ou nem tão novos que trilham nesse nefasto mundo artistico. Pois eu acredito (na verdade, eu sei) que tem muita gente honesta fazendo música boa. Mas estão "escondidas", fora da mídia, fora de padrões. Não estão aí só pelo mero sucesso e sim porque tem algo a expressar. Exalar suas intuições e inspirações. Converso com muita gente sobre isso e é incrível (assustador) quando me dizem que música boa é só a do passado. Acho que quem fala isso é que está lá atrás, no passado, parado no tempo. Sendo saudosista. É perigoso até. Se torna improdutivo, se torna um crítico vazio e armagurado. Ou então dizem que "se  não faz sucesso" então não é bom. Acho que é mais porque é difícil a gente admitir que tem preguiça de experimentar. Parecemos crianças teimosas que não gostam de comer pêssego mas nunca experimentou. Ou se experimentou, o pêssego não estava tão doce e abandonou. Para sempre. Bem....como adultos, sabemos que o prejuízo é deles. O "azar" vai junto.

" Se, mesmo sem mídia alguma, faço uma média de 15 shows por mês (quem faz?) é porque só tem um jeito do público curtir minha música: ao vivo . E eu agradeço muito isso, pois vivo do que sonhei viver: da música, e nada mais. Minha profissão é de músico, não de celebridade. Sucesso, qualquer coisa faz.
Vem aí um disco novo, sim, mas vai ser "apenas" um disco de carreira, com músicas novas. Em qualquer circunstância, digo do fundo da minha experiência que vale infinitamente mais um trabalho novo do que qualquer "jogada pra levantar", mais do que qualquer "projeto" espúrio de canibalização, de reprocessamento ou releitura. O mercado está covarde. Resta a nós gerarmos o milagre - mas não foi sempre assim? Se fosse pra abaixar as calças, em 1976, há 30 anos, eu teria gravado em inglês, pois era isso que o "mercado" exigia. Somos teimosos. Somos tinhosos e perigosos. Estamos vivos, e podemos fazer um estrago que ninguém imagina. " (E o Green day é Punk? hahaha)

(Trecho da carta do Guilherme Arantes linkado acima...Ahhhh, quem dera que todos os jovens, de qualquer área, não só artística, tivessem o espírito desse "senhor". Mas têm. É só procurar. Não é o Faustão ou Raul Gil quem vai jogá-los no seu colo.)




quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

não consigo pensar num título...

Modelo se nega a amamentar o filho e diz que peitos são só para sexo.
'Eles são uma coisa sexual para mim', disse a britânica Nicola McLean. Ela afirmou que não se sentiria sexy se tivesse amamentado seu filho.

Nicola McLean disse que seus peitos são apenas para sexo. (Foto: Reprodução/Site oficial)A modelo britânica Nicola McLean disse que não amamentou seu filho Rocky, de três anos, porque seus peitos são apenas para sexo com seu marido, segundo reportagem do tabloide inglês "The Sun".

"Eles são uma coisa sexual para mim, e não quero Rocky mamando neles", afirmou ela.

Ela destacou que, se amamentasse Rocky, não seria capaz de fazer sexo com seu marido, o jogador de futebol Tom Williams, e de se sentir sexy.

Nicola McLean afirmou ainda que não gostava da ideia de ver seu filho se alimentando em seus seios.

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Cadela amamenta porquinhos em cidade cubana

A cadela 'Yeti' virou atração na cidade de Camaguey, em Cuba, por amamentar filhotes de porco.


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Chimpanzé adota tigres siberianos

Relações maternais entre espécies são um fenômeno observado comumente, mas poucos viram uma chimpanzé tomando conta de filhotes de tigre siberiano.
 
O furacão Hannah, quando passou pelo estado da Carolina do Sul, nos EUA, traumatizou os tigres adultos que passaram a agir de maneira muito agressiva, passando a ser foram considerados um perigo para os seus filhotes. Portanto estes dois filhotes de tigre siberiano tiveram que ser separados de seus pais e colocados junto com uma chimpanzé de dois anos que prontamente os adotou.






Quem são os 'humanos' mesmo?
Quem é o racional? O inteligente?
E quem é livre de pré-conceitos?
Quem ama só porque ama?
bláh.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

2+2=5

Você é tão sonhador
A ponto de colocar o mundo no lugar?
Eu ficarei em casa eternamente
Onde dois e dois sempre somam cinco.

Vou montar trilhas
E me esconder atras de sacos de areia.
Janeiro vai ter as chuvas de abril
E dois mais dois sempre será igual a cinco.

É o caminho do diabo agora
E você não tem por onde fugir
Você pode gritar, você pode berrar
Agora é tarde demais

Porque

Você não esteve prestando atençãoPrestando atençãoPrestando atençãoPrestando atençãoVocê não esteve prestando atençãoPrestando atençãoPrestando atençãoPrestando atençãoVocê não esteve prestando atençãoPrestando atençãoPrestando atençãoPrestando atençãoVocê não esteve prestando atençãoPrestando atençãoPrestando atençãoPrestando atenção

Eu tento cantar por um tempo
Começo bem...eu não
Porque eu não
Tento atacá-los. Como moscas - mas como moscas os insetos continuam voltando
NÃO!
Mas eu não
Todos saúdam o ladrãoTodos saúdam o ladrãoMas eu nãoMas eu nãoMas eu nãoMas eu não
Não questione minha autoridade e nem me tranque em uma caixa...........
Porque eu nãoPorque eu nãoVá e conte ao rei que o céu está desabandoQuando não estáMas não estáMas não estáTalvez nãoTalvez não


 
* Post dedicado aos fãs de Radiohead e BBB - O 'show' da vida real.
 
“Quem ri do que desconhece está a caminho de ser idiota”.
(Victor Hugo)


 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mito da Caverna



Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.

Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.

Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.

Platão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis, como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da caverna, que acaso se liberte, como Sócrates correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. Foi justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida a imaginar que as coisas se passassem, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna: ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.

O diálogo de Sócrates e Glauco

Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco – Estou vendo.

Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.

Sócrates — Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?

Glauco — Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?

Sócrates — E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?

Glauco — Sem dúvida.

Sócrates — Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?

Glauco — É bem possível.

Sócrates — E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco — Sim, por Zeus!

Sócrates — Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?

Glauco — Assim terá de ser.

Sócrates — Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco - Muito mais verdadeiras.

Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco - Com toda a certeza.

Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.

Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.

Glauco - Necessariamente.

Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.

Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.

Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?

Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.

Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?

Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.

Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?

Glauco - Por certo que sim.

Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?

Glauco - Sem nenhuma dúvida.

Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.

Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.

(Platão. A República. Livro VII)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nossas Revolutionary Roads


Essa semana assisti Foi apenas um sonho, filme de 2008. Achei-o bem profundo e estava refletindo nele quando fui procurar alguma análise e olha só onde vou achar, no meu site favorito, Scream & Yell, do gente fina Marcelo Costa. O cara analisou o filme com exatidão, disse tudo o que eu queria dizer e escreve melhor do que eu.

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Enquanto buscamos redenções e motivações em lugares físicos ou outros “paraísos artificiais” (fugas?), culpando a sociedade, a rotina e toda a hipocrisia reinante, mal percebemos que tudo isso parte (ou deveria partir) de dentro de nós mesmos. A revolução tem que partir internamente primeiro. E é preciso muita coragem para isso, muita coragem para mudar, para trocar o certo pelo incerto, mesmo que esse "certo" esteja todo errado. Complicado? Leia o texto que fica mais claro.


                                         

Por Marcelo Costa

Qual o motivo de estarmos vivos? Qual o sentido em acordarmos todos os dias? Duas perguntas profundas que existem desde sempre e seguem sem resposta definitiva, afinal o máximo que conseguimos em milhares de anos foram um belo punhado de teses filosóficas e uma centena de religiões que, no fundo (bem lá no fundo), dizem a mesma coisa. Continuamos tateando em busca de alguma razão que de algum sentido a essa coisa toda que alguns chamam viver (e outros apelidam de inferno). Não é fácil.

Viver é uma tarefa árdua a qual somos submetidos diariamente tendo algumas suspeitas não provadas cientificamente (o que mais complica que explica) do motivo das coisas serem assim, e não assado, e de agirmos de modo x e não y. Daí escolhemos de que lado vamos ficar, agir, pensar e viver. E sentados sobre nosso próprio juízo julgamos todo o resto. É um trabalho sujo, mas alguém tem que faze-lô, afinal não estamos rodeados apenas por coisas belas (ainda bem) e o paraíso, como muitos desenham, deve ser um lugar pra lá de insuportável.

O diretor anglo-português Sam Mendes parece interessado nessa função de juiz, e já havia mostrado que tem jeito pra coisa no brilhante “Beleza Americana”, uma dura crítica a sociedade norte-americana agraciada com cinco Oscars (incluindo os cortejados Melhor Filme, Diretor, Ator e Roteiro Original). Com “Foi Apenas Um Sonho”, o diretor retorna ao tema, porém (quase) deixa de lado o cinismo apoiando-se na simplicidade de uma história que diz mais sobre o espectador do que sobre o próprio filme em si.

Logo na primeira cena do longa temos um encontro: April (Kate Winslet em grande atuação) conhece Frank (um Leonardo DiCaprio bastante correto). Ela tem sonhos de ser atriz. Ele é estivador, mas está pronto para subir na escala social, pois vai assumir um emprego de caixa em uma loja. Antes do beijo inevitável temos o corte e nos vemos alguns anos depois. April está no palco de uma peça ruim, e Frank parece não saber lidar com o fracasso da mulher, e o resultado é uma longa briga que coloca o mundo em seu devido lugar.

As peças começam a se encaixar no tabuleiro (dois filhos não planejados, uma casa bonitinha atolada em meio a um “cemitério social” de mortos-vivos, um emprego que não preenche os anseios da alma, uma vida que deveria ter seguido numa estrada, mas estacionou em um lugar qualquer entre o vazio e a falta de esperança) e conforme se juntam exibem o desenho cruel de uma classe média norte-americana atolada na monotonia, na apatia e no conformismo, uma série de adjetivos que ainda freqüentam a ordem do dia (seja nos Estados Unidos, seja no Congo, seja no Brasil).

April percebe que está sendo consumida pelo mal-estar da vida sem sentido, e inventa – e se agarra a – uma viagem para tentar sacudir a vida do casal. Frank reluta em um primeiro momento, aceita no segundo, e acaba por fim escolhendo o caminho mais simples na terceira parte. O casal se enfrenta vorazmente em todas essas passagens, mas não consegue se entender. Diálogos são travados, silêncios são ouvidos, mas o único som que persiste é o do desespero da vida que segue sem sentido em direção a vala do esquecimento. Já cantava Neil Young: “melhor queimar do que apagar aos poucos”, mas quem impede alguém de sonhar além de si mesmo?

Não há nenhuma alegria verdadeira em “Foi Apenas Um Sonho”, e por isso o filme tem verniz redentor (ou revolucionário, como queira) e requintes de obrigatório. Apesar da história se passar nos anos 50 (o livro de Richard Yates, que deu origem ao roteiro, é de 1961) é fácil perceber que a sedução do dinheiro (que troca sonhos por papel moeda), a falta de planejamento familiar e o desconhecimento que os próprios casais têm de si próprios são temas tão atuais e universais quanto na época em que foram escritos. Vale tanto quanto uma sessão de terapia e meia dúzia de cervejas e desabafos com o melhor amigo (a) no bar.

A Academia ignorou solenemente o filme (apesar do prêmio para Kate no Globo de Ouro), e não que ele seja sensacional, só brilha timidamente em um período de franca decadência da sétima arte. Foram três indicações ao Oscar nas categorias Melhor Figurino, Melhor Direção de Arte e Melhor Ator Coadjuvante para Michael Shannon, que interpreta (com generosas doses de cinismo) um louco que enxerga mais coisas que a média comum observa (quem disse que em terra de cego, quem tem um olho é rei, precisa ver o outro lado do ditado popular). Pena que o Oscar de coadjuvante já tenha dono, que a idiota tradução nacional do título mate boa parte do drama do roteiro e que Winslet tenha sido indicada apenas por “O Leitor”, e não por sua belíssima atuação aqui. “Foi Apenas Um Sonho” merecia melhor sorte… como todos nós.

Ps. A tradução do título original, “Revolutionary Road”, é a pior (no sentido de entregar a história) desde… “Cidade dos Sonhos”, casualmente outro filme com nome de rua.



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E visitem, favoritem o Scream & Yell. O melhor site sobre Cultura Pop (e outras coisas) do Brasil. Tem textos antológicos e algumas "discussões" acaloradas e inteligentes. E para quem acha que a música atual (brasileira ou gringa) anda mal das pernas, tem centenas e centenas de dicas por lá. Tem muita coisa em curso, em todo canto, é só procurar.
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Por fim, algumas perguntinhas pertinentes:
Sua vida atual é a que você sonhou há 10, 20 anos atrás?
Aquela criança e adolescente conheceu e conquistou o que almejou?
Perdeu o bonde? Onde? Quando? Porquê?
Dá para mudar? chacoalhar tudo?


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Avalanche de shows em SP

Todos com os bolsos preparados? Porque 2012 está se desenhando o maior ano de shows gringos no Brasil.

Mais algumas bandas estão vindo aí:


 30/04 - James  - Meu ingresso já valeria a pena só deles tocarem Like a Fred Astaire. Eles abriram muitos shows dos Smiths. Também são de Manchester. Tem hits pra caramba. Born of frustation, Sit Down, Like a Fred Astaire.

12/05 - Bjork (suspiro)
12/05 - Justice (curiosidade)


11/05 - Mogwai (Muita curiosidade. Eles são influenciados pelo Cure, entre muitas outras coisas e também Robert Smith declarou que parte da inspiração instrumental de Bloodflowers vem do Mogwai)
11/05 - James Blake (Taí um artista bem contemporâneo que gosto muito e está há meses tocando em casa.)
Esses 4 últimos fazem parte do Sonar Festival, que tem dezenas de outras atrações.


27/05 - The Mission (Já vi em 99, se não me engano e vale a pena. Pelos Hits e pela banda, que toca muito bem)

14/04 - Mark Lanegan (Dos Screaming Trees)

Mas esses são os que eu gosto, ainda vai ter Roger Waters, 3 Doors Down, Anthrax, Blind Guardian, Buddy Guy, Concrete Blonde, Creedence Clearwater Revisited, Gipsy Kings, Joe Cocker, Roxette, Sisters of Mercy, Smash Mouth, Atari Teenage Riot, The Vacinnes, Nada Surf, etc...AH, TEM FOO FIGHTERS TAMBÉM, NÉ? Já nem me lembrava.