sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Livros, músicas, músicas, livros, filhos, amores...

Finalizados Crônicas marcianas e Frutos dourados do sol, do Ray Bradbury. Fantásticos em todos os sentidos. Pude me lembrar de uma certa época de minha adolescência em que quis ser escritor. hehehe. Mais do que qualquer um, foi Bradbury quem mais me fez sonhar com isso. Mas não me esforcei, não treinei, não me instiguei, não me apliquei, enfim...rabiscos essas linhas tortas e mal lidas e está de bom tamanho por hora.
Admiro demais a arte da escrita. Acho uma das profissões mais bonitas do mundo. Quem escreve bem e ainda as canta então...
A Torre negra esperará mais um pouco. A grana encurtou esse mês e livros parecem feitos de ouro no Brasil. Portanto, já estão em minhas mãos A Ilha, de Aldous Huxley, a mente por trás de Admirável mundo novo e também O livro dos sonhos 2, de Neil Gaiman. Bem...Neil Gaiman o organizou, mas não o escreveu. Mesmo assim, me parece muito interessante. Preferi esse ao Deuses Americanos, esse sim, escrito por ele. Mas está na imensa fila de livros à ler.

Contudo, será que devo usar o pseudônimo de Mr. Morpheus à partir de agora? kkkk

Outra coisa sobre livros: Para quê, exatamente, guardar livros que já lemos? Como diria Seinfeld, são troféus a serem expostos na estante? São certificados de você é "inteligente?" Já leu, leu. Passe para frente, empreste, venda, alugue, doe, troque.
Estou pegando emprestado livros da biblioteca. Já passaram de 10 de Dezembro pra cá. Economizei, no mínimo, uns R$ 300,00 chutando baixo. Também já doei 3 livros. Estou adorando tudo isso.
Por fim, "a orelha" do livro de Huxley:
A Ilha (Aldous Huxley)
A Ilha (Island, em inglês) foi o último romance escrito por Aldous Huxley, famoso por obras como Admirável Mundo Novo e Contraponto. Retrata a existência de uma sociedade que buscava unir o melhor dos dois mundos - Oriente e Ocidente -, ou seja, espiritualidade e progresso, em um único lugar. Em Pala, a ilha idealizada onde Will Farnaby, o protagonista do livro, vai parar após ter seu pequeno veleiro destruído por uma tempestade quando velejava próximo à costa, os habitantes negam o "progresso pelo progresso", buscando algo que o autor já havia mentalizado e discutido anteriormente: uma forma de "utilitarismo superior". Em tal estilo de vida, cada habitante pergunta-se como suas ações podem contribuir para o seu desenvolvimento e o dos outros, e tudo na ilha é feito tendo a meditação - ponto central do livro, na minha opinião - como base. Existe, assim, uma mensagem muito importante que o autor procura transmitir, que é a de que devemos prestar atenção naquilo que estamos fazendo, o que pode parecer simples, mas na prática é difícil de ser aplicado, já que vivemos na geração das torrentes de informações e formas de entretenimento superficiais, momentâneas e insatisfatórias. É o parar para pensar por conta própria, fundamental, na visão de Huxley, para que, entre outras coisas, não vivamos "docilizados como poodles", à mercê de ditaduras disfarçadas.
Sobre música, sempre presente em minha vida, indico Imelda May, fantástica cantora. Seu som é uma mistura de Rock a' Billy com Soul, sei lá...uma maravilha. Viciei. Apaixonei. Fora o visú total PinUp dela. Maravilhosa! Foi outra dica imprescindível da amiga Rosana. Essa consegue advinhar sempre meus gostos musicais. Ben Folds também ando escutando muito. Sabe de onde descobri esse cara? Assistindo Sem Floresta com o Yuri. Outra coisa que tudo vale a pena? Everything but the girl, é das antigas e eu conhecia os hits e tals....estou gostando muitíssimo de todos os álbuns que tenho descoberto. Os cuidados com os timbres são a tônica. Tantos os eletrônicos quanto os acústicos.
Por falar em música, lembremos o grande Artur da Távola:
"Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão".
Ouso a complementá-lo, acrescentando para mim, os livros e o amor de meus filhos Ian e Yuri. Nunca estarei sozinho no mundo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

VIRGINDADE MODERNA

Só para distrair um pouco:
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VIRGINDADE MODERNA Primeira noite dos recém-casados. Na cama, a moça diz ao marido: - Sabe, amor, eu não disse a você, mas eu não sei fazer nada de nada! - Não se preocupe minha linda! Você tira a roupa, deita sobre a cama e deixa que eu faço o resto! E ela, muito meigamente, responde: - Não, amor! - Trepar, eu trepo bem pra cacete, desde os 13 anos. O que eu não sei é: Lavar, Passar, Cozinhar, Arrumar casa,
cuidar de crianças . . .
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Não sei se é uma piada machista...
Não será feminista? kkk

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Lago - Ray Bradbury

O Lago
A onda me desligou do mundo, dos pássaros no céu, das crianças na praia, de minha mãe sentada na areia. Houve um momento de silêncio, verde silêncio. E depois a onda me devolveu o céu, a areia e a algazarra das crianças. Saí da água, o mundo esperava por mim, mal se movera desde o momento em que me afastara. Corri pela praia. Mamãe me enxugou com uma toalha felpuda, e disse: — Agora fique de pé, para secar. Lá fiquei, observando o sol remover as gotículas d'água de meus braços. Eu as substituí pelo arrepio da pele. — Olha o vento — mamãe disse —, vista o blusão. — Espera; estou olhando as bolinhas na minha pele. — Harold!
Vesti o blusão e fiquei a observar as ondas subirem e quebrarem na praia. Não por acaso, porém. Fora proposital, com uma certa elegância, uma elegância verde. Nem mesmo um bêbado apagaria diante de tanta elegância daquelas ondas. Era setembro. Nos últimos dias, quando as coisas já ficam tristes mesmo sem motivo. A praia era muito comprida, solitária; apenas seis pessoas. As crianças já haviam parado de jogar bola. O vento, de algum modo, já as entristecera também, assobiando dessa maneira; as crianças se sentaram e sentiram o outono chegar naquela praia infindável.
Todas as barraquinhas de cachorro quente já se encontravam lacradas com placas douradas, encerrando toda mostarda, toda cebola, todos os odores de carne do longo verão, alegre. Foi o mesmo que pregar o verão numa porção de caixões. Um por um, os lugares amavam as tampas, com estrépito, trancavam as portas, e o vento chegava, tocava a areia, apagando as milhões de pegadas de julho e agosto. E tanto foi assim que, agora, em setembro, havia apenas as marcas dos meus tênis, e dos pés de Donald e Delaus Arnold, lá junto à orla da água. A areia soprava em cortinas nas calçadas; o carrossel, oculto sob a lona; os cavalinhos congelados no ar, nos tubos de metal, exibiam dentes, em posição de galope. Como música, apenas o vento atravessando a lona, furtivo. Lá estava eu. Todo o resto, na escola. Menos eu. Amanhã, de trem, eu estaria atravessando os Estados Unidos, rumo oeste. Mamãe e eu viéramos para a praia, passar juntos o último e breve momento.
Alguma coisa na solidão me fez desejar correr sozinho. — Mamãe, quero ir correr pela praia, bem longe. — Está bem, mas volte rápido, e não chegue perto da água. Corri. A areia levantava debaixo de mim e o vento me levantava. Você sabe como é, quando a gente corre, os braços esticam e a gente sente véus saindo dos dedos, por causa do vento. Como se fossem asas. Com a distância, mamãe se afastava, sentada. Logo se transformaria apenas num espeto marrom, e eu estava só. Estar só é uma novidade para um garoto de doze anos de idade, tão acostumado a ter pessoas ao redor. A única maneira que tem para ficar só é na própria mente. Existem tantas pessoas reais por aí, dizendo o que as crianças têm que fazer, e como, que resta a um garoto sair correndo pela praia, mesmo que a praia esteja apenas em sua imaginação, para ficar só em seu próprio mundo. Assim, agora, eu estava realmente sozinho. Entrei n'água, deixei-a esfriar-me até a altura do estômago. Antes, sempre no meio da multidão, jamais tivera a ousadia de olhar, de vir até este lugar e chamar um certo nome. Agora, porém... A água é como um mágico. Nos serra ao meio. É como se fôssemos cortados em dois, e uma parte, a parte inferior, açúcar, derrete, dissolve. Água fria, e, de vez em quando, uma onda tropeça, muito elegante, e desliza com um adorno de renda. Gritei o nome dela. Mais de dez vezes, gritei. — Tally! Tally! Que pena, Tally... Quando somos jovens, sempre esperamos que respondam aos nossos chamados. Sentimos, então, que tudo o que pensamos é real. E às vezes, até, isto não chega a ser um absurdo. Pensei em Tally nadando, entrando no lago, no mês de maio que passou, e no rastro das trancinhas, louras. Ela ria, e o sol batia naqueles pequeninos ombros, de doze anos. Pensei na água, que ficou tranqüila, no salva-vidas entrando aos saltos, na mãe de Tally gritando, e em Tally, que nunca mais voltou. O salva-vidas tentou persuadi-la a sair, mas Tally não saiu. Ele trouxe apenas, nas juntas dos dedos, vigorosas, pedacinhos de plantas d'água; Tally se fora. Na escola, já não mais a veria sentada lá do outro lado; nas noites de verão, pelas ruas, não mais iria apanhar as bolas que caíam dentro das casas de paredes de tijolos. Ela se distanciara muito, e o lago não permitiria que regressasse.
E agora, no outono solitário, o céu imenso, a água imensa, a praia tão comprida, eu viera pela última vez, só. Gritei o nome dela diversas vezes. Tally, que pena, Tally! O vento soprava tão leve nos meus ouvidos, do jeito que o vento sopra na abertura das conchas e as faz sussurrar. A água subia, envolvia meu peito, depois meus joelhos, subia e descia, sempre puxando por baixo dos meus calcanhares. — Tally! Volte, Tally! Eu tinha apenas doze anos. Mas sei o quanto eu a amava. Um amor que vem antes de qualquer significado de corpo, de moralismos. Um amor sem maldade, como o vento, o mar, a areia, lado a lado, para sempre. Feito de dias demorados, quentes, juntos, na praia, e de dias tranqüilos, de cochichos, na lengalenga do colégio. Passaram-se os longos dias do outono de muitos anos desde o dia em que eu a acompanhei até sua casa, carregando seus livros. —Tally! Gritei o nome dela pela última vez. Tiritei. Senti a água tocar o meu rosto, e nem sei como isso foi acontecer. A rebentação não estava tão alta assim. Virei-me, recuei até a areia e ali fiquei por meia hora, na esperança de um lampejo, um sinal, um pedacinho de Tally de que pudesse me lembrar. Então, ajoelhei-me e construí um castelo de areia, modelando-o com apuro, construindo-o do jeito que Tally e eu costumávamos construir os muitos que fizemos. Dessa vez, porém, construí apenas metade. E me levantei. — Tally, se você estiver me ouvindo, venha, construa o resto. Saí dali, rumo àquele espeto distante: mamãe. A água subiu, fundiu o castelo e areia, arco por arco, e desbastou-o, pouco a pouco, refazendo a uniformidade original. Em silêncio, caminhei pela orla. Lá longe, o carrossel desentoou. Fora o vento, apenas. No dia seguinte, tomei o trem. Trens não têm boa memória. Logo deixam tudo para trás. Esquecem os milharais de Illinois, os rios da infância, as pontes, os lagos, os vales, as fazendas, as dores e as alegrias. Passam e deixam tudo espalhado, e tudo volta ao horizonte. Estiquei meus ossos, coloquei carne neles, troquei minha mente jovem por uma mais velha, joguei fora as roupas que não mais serviam, saí do primeiro para o segundo ciclo, e para a universidade. E surgiu uma moça em Sacramento. Depois de conhecê-la por algum tempo, nos casamos. Na época, eu tinha vinte e dois anos, e já quase me esquecera de como era o Leste.
Margareth sugeriu que passássemos nossa lua-de-mel, tão demorada, naquelas bandas. Assim como a memória, o trem funciona para os dois lados. Pode, bem depressa, fazer retornar tudo o que você deixou para trás durante anos. Lake Bluff, população 10.000, emergiu no céu. Margareth estava tão elegante naquelas roupas novas, e finas. Ela me observava, via o velho mundo reunir-me de volta àquela vida. Segurou meu braço quando o trem deslizou estação adentro, em Bluff, e quando o carregador transportou nossa bagagem. Tantos anos, e o que eles fazem com as fisionomias, com os corpos das pessoas. Quando caminhamos juntos pela cidade, não vi ninguém que reconhecesse. Alguns rostos emanavam ecos. Ecos de caminhadas nas picadas da ravina. Rostos com um certo riso de fim de ano, de balançar em balanços de elos de metal, e de descer e subir em gangorras. Mas não falei nada. Caminhei, olhei e preenchi o interior com todas as reminiscências, e deixei-as qual folhas empilhadas para a secagem do outono. Ficamos, ao todo, duas semanas; juntos, revisitamos todos os lugares. Foram dias felizes. Eu pensava que amava Margareth, muito. Ao menos pensava. Num dos últimos dias, fomos caminhar pela praia. O ano não estava próximo ao fim, como estava naquele dia, há tantos anos, mas já os primeiros vestígios do abandono surgiam na praia. As pessoas rareavam, muitas barraquinhas de. cachorro quente já haviam sido fechadas com tapumes, e lacradas, e o vento, como sempre, lá estava, esperando, para cantar para nós. Quase vi mamãe sentada na areia, do jeito que costumava sentar. Percorreu-me, novamente, a sensação de querer ficar só, mas não poderia forçar-me a conversar a respeito disso com Margareth. Então, mantive-me ao lado dela e esperei. A tarde já se ia. Quase todas as crianças já haviam ido para casa, e apenas uns poucos homens e mulheres ali estavam aquecendo-se à brisa do sol. O salva-vidas pulou dentro d'água. O salva-vidas saiu da água, devagar, com alguma coisa nos braços. Fiquei petrificado. Prendi a respiração, senti-me pequeno, com apenas doze anos de idade, muito pequeno, infinitesimal, e com medo. O vento uivava. Eu já não via mais Margareth. Via apenas a praia, o salva-vidas emergindo do bote com um saco cinzento nas mãos, não muito pesado, e o rosto do salva-vidas, quase tão cinzento enrugado. — Fique aqui, Margareth — eu disse, e não sei por que o disse. — Mas, por quê? — Fique aqui, e não discuta... Lento, caminhei pela areia, fui encontrar o salva-vidas. Ele me olhou. — O que há aí? O salva-vidas continuou olhando para mim, por muito tempo; não conseguia falar. Pousou o saco cinzento na areia; a água borrifou-o, molhouo, e voltou. Insisti: — O que há aí? O salva-vidas estava tranqüilo. — É estranho. Esperei. — É estranho — repetiu, suave. — A coisa mais estranha que já vi. Ela já está morta há muito tempo. Repeti estas palavras. Ele concordava, com a cabeça. — Eu diria, uns dez anos. Nenhuma criança se afogou aqui esse ano. E de 1933 para cá, apenas doze crianças, e todas foram encontradas algumas horas depois. Todas, menos uma, eu me lembro. Essa aqui, porque ela deve estar na água há dez anos. Não é nada... agradável.. Fitei o saco cinzento nos braços do salva-vidas. — Abra! — eu disse, sem saber por que o disse. O vento soava mais alto. O salva-vidas manuseou o embrulho, atrapalhado. Gritei. — Depressa, homem, abra! — É melhor não... Creio que ele percebeu a expressão de meu rosto... — Ela era tão pequenininha! Abriu-o parcialmente. O suficiente. A praia estava deserta. Havia apenas o céu, o vento, a água e o outono, que se aproximava solitário. Olhei para ela, ali dentro do saco. Eu disse alguma coisa, repetidas vezes. Um nome, O salva-vidas olhou para mim. Perguntei: — Onde o senhor a encontrou? — Aí dentro d'água, no raso. É muito tempo, muito tempo; o senhor não acha? Balancei a cabeça. — É sim, Por Deus, é sim. Pensei: as pessoas crescem. Eu cresci. Mas ela não mudou. Ainda é pequenina. Ainda jovem. A morte não nos permite crescer, ou mudar. Ela ainda tem os cabelos dourados. Será jovem para sempre, e eu a amarei para sempre. Meu Deus, eu a amarei para sempre. O salva-vidas amarrou novamente o embrulho. Pela praia, alguns momentos depois, caminhei sozinho. Parei e olhei para alguma coisa. Foi aqui que o salva-vidas a encontrou, disse para mim mesmo. Lá estava, na orla da água, um castelo de areia, construído pela metade. Olhei para o castelo. Ajoelhei-me ao lado dele, e vi as pequeninas pegadas saírem do lago, voltarem para o lago e não retornarem jamais. Então, eu soube.
— Eu a ajudo a terminá-lo — eu disse.
Ajudei. Bem devagar, construí o resto; depois, levantei-me, virei-me e saí dali para vê-lo desmoronar com as ondas, como tudo desmorona.
Pela areia, voltei até o lugar onde uma mulher estranha, de nome Margareth, esperava por mim, sorrindo...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O fantástico Ray Bradbury

Não sou um profundo conhecedor de literatura Sci-Fi. Na verdade, nem acho que Ray Bradbury de enquadre nesse estilo. É muito mais abrangente. É como dizer que The Cure é uma banda gótica...ou o Led Zepelin Metal...

Dele, já havia lido a muito tempo O País de Outubro. Fascinante coletânea de contos. Alguns de terror, mistério, ficção científica e doideiras mais. Fiquei deslumbrado, porém, por algum motivo, deixei o autor meio que de escanteio. Mas nunca me saiu da memória um pequeno conto chamado "O lago." De uma ternura e ao mesmo tempo melancolia envolventes. Em breve posto ele inteiro aqui. É bem curtinho.

Também me lembro que deixava de sair de casa nas noites de sábados e mais sábados seguidos por conta da programação na TV a cabo. Era uma sequencia matadora de Além da imaginação, Hitchcock e O teatro de Ray Bradbury. Comprava minhas brejinhas e atravessava madrugada adentro num mundo realmente mágico.
"Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação."
Essa era a narrativa inicial de todos os episódios de Além da Imaginação, série criada por Rod Serling entre 1959 e 1964 em preto e branco, para o canal CBS nos EUA.
Pesquisando mais sobre Bradbury, descobri que continua vivo e trabalhando, com seus mais de 90 anos de idade. Tem muitíssimos livros dele a serem descobertos por mim, o que achei fantástico pois ainda tenho muitas histórias a ler.
Estou no momento lendo Crônicas Marcianas. Muito bom. O cara tem um jeito tão poético de contar histórias. E não tem quase nada da clássica ficção científica. É só um fundo pra ele desenvolver seu enredo, criticar a humanidade e a ganância, arrogância e ignorância destes...Criticar o racismo, as guerras e esbarrando sempre em questões filosóficas ou morais e éticas. Serve para a gente refletir sobre no que somos ou nos tornamos. Mas tudo isso com muita sutileza.
Esse "fundo" trata da colonização de Marte pelos terráqueos, depois de terem praticamente destruído sua Terra. A obra é dividida em capítulos, ou mini-contos, alguns bem ligados aos seguintes, outros mais soltos. Alguns são bem tensos, outros mais poéticos ou melancólicos, a gente quase que sente o cheiro das coisas e é deliciosamente futurista/retrô, se é que me entende...enfim, a leitura fica bem equilibrada e quando você percebe, já passou da metade do livro em 1 ou 2 dias.

Desde já, um dos mais legais que já li. Inesquecível.

Também já tenho aqui em mãos a próxima obra dele a ser devorada: Os frutos dourados do sol.
Depois desse, voltar para a companhia de Roland, Susanah, Eddie, Jack e Oi na nossa busca pela Torre Negra.
Ficam as dicas.
Abraços!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

cOnFusÕes, ReTiscÊnciAs e PoNtos FinAis...

QuiEtuDe ou agiTaÇÃo? COmPANhiA oU sOliDÃO? uM poUQUinho de PasSado pAra alcaNÇaR o fUturO? LivRoS ou FiLmeS? ToCaR oU OuvIr? EScUtAR oU DeSAbAfAr? DeUS, BuDa Ou FrEuD? GrItAr oU CoCHiChAR? MAnTer LongE oU ApRoximAr? CÉu oU MaR? VÍrGulAS ou InTeRroGaçôeS? EsPERo ou FaçO esPeRar? Se NaÕ conFiO eM aLguÉm é PoRQue NãO cOnfiO eM miM? eU tE PerdoÔ. VocÊ mE PerdOa? QuiEtuDe ou agiTaÇÃo? COmPANhiA oU sOliDÃO? uM poUQUinho de PasSado pAra alcaNÇaR o fUturO? LivRoS ou FiLmeS? ToCaR oU OuvIr? EScUtAR oU DeSAbAfAr? DeUS, BuDa Ou FrEuD? GrItAr oU CoCHiChAR? MAnTer LongE oU ApRoximAr? CÉu oU MaR? VÍrGulAS ou nTeRroGaçôeS? EsPERo ou FaçO esPeRar? Se NaÕ conFiO eM aLguÉm é PoRQue NãO cOnfiO eM miM? eU tE PerdoÔ. VocÊ mE PerdOa? ExErCÍciOs oU CulTurA? VerdAdEs ou ConFortOs? MenTiRas oU AnALgéSicoS? ViDas MortAS ou MoRtES ViVas ParA SemPre? CoRPo e aLmA... SuOr e SanGuE... ReTisCêNcias e NuNcA PontOs FinAis? NoVElAS oU LouCuRA? DoR Ou AliEnAçÃO?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Nossa natureza selvagem

Quanto de nós ainda resiste? Estamos totalmente entregues aos "prazeres" e "confortos" da tecnologia. À toda essa modernidade e consumismos exacerbados. À toda a ganância e competição e luta para "ser alguém"...
Essa gaiola social nos aprisiona e quer nos convencer sermos livres.
Tá tudo podre, tudo errado: Fazemos ginástica em apto, em esteiras elétricas, bicicletas eletrônicas...quando o melhor do andar, do pedalar, é estar ao ar livre. Fazemos isso automaticamente e assistindo a novela, quando o melhor de se andar, se pedalar, é também exercitar o pensamento, de higienizar a mente, colocar pingos e vírgulas, revisar o dia, a semana...a vida. Até exercícios viraram "obrigação" social.
Ficamos trancados em faculdades chinfrins aprendendo nada, pagando fortunas de mensalidades para sermos "alguém na vida". Porque se meu salário for maior do que do meu vizinho, do meu amigo, serei melhor do que ele. EM TUDO! Mais "bem sucedido". Numa seleção para algum cargo, quem tem "facurdade" leva vantagem. Concordo plenamente, afinal, a pessoa gastou muito tempo e dinheiro se formando (e só por isso), portanto, merece sim sair na frente. Pode ser uma pessoa escrota, egocêntrica e mal educada. Ou invejosa e traiçoeira. Que importa isso? Não está no currículo.
A gente "entra" numa religião (na verdade, igreja) porque é feio e inaceitável não ter nenhuma. É anti-social. Ou porque fizemos escolhas erradas, ou algumas cagadinhas na vida e agora Deus vai me ajudar a consertar tudo. Estou salvo. E fugindo das responsabilidades...Pergunto: Religião garante que uma pessoa melhore? Que invista em se auto-enxergar e reavaliar suas atitudes? Não a julgar os outros? Sempre os erros dos outros são visíveis e abomináveis, enquanto a gente só tem umas besteirinhas para arrumar. Muito cuidado, pois a maioria são Universidades de Hipocrisia. Saem verdadeiros mestres de lá. Vejam bem, estou falando dessas organizações de religiosidade discutível. Religiões e crenças, propriamente ditas, nada contra. cada um na sua.
Mas sempre foi assim, não? É gente fina quem tem o melhor tênis, as roupas mais caras (às vezes nem as mais bonitas), o melhor carro (ou mais caro), celular...Chegamos a um ponto em que celular que serve só para fazer e receber ligações é coisa de "atrasado", fora de moda, um absurdo! não tem bluetooth? Touch isso, aquilo...
Celular é maravilhoso. Para emergências, para não ter ir até o orelhão na chuva. O automóvel também é uma grande invenção. Como a geladeira também é. As funções são diferentes, mas são objetos inventados pelo homem afim de conseguir mais autonomia, conforto. Mas tudo vira Status Quo, vira troféu, vira simbolo de imponência e ostentação.
Relacionamentos e "amores" são trocados como se troca de pijama. Como se as pessoas fossem......um celular que enjoamos, uma pulseira. Acha exagero? Olhe em volta. Converse sobre isso com jovens.
Não sei exatamente qual o sentido da vida humana na terra, se é que há um sentido claro e objetivo, mas não há dúvidas que o relacionamento entre nós mesmos e a natureza tem papel mais do que fundamental e essencial em tudo. Até para aprofundarmo-nos no auto-conhecimento. E não digo isso superficialmente, mas intensamente.
Acho que perdi o bonde do mundo.
Dá para escrever páginas e mais páginas sobre como, em algum momento (que ainda não sei), ou desde sempre, perdi o bonde dos anos 2000. Ou da história, da minha história, da minha natureza, meu amor próprio. Não é de todo ruim. Me fez abrir o coração e a mente para algumas coisas. Foram pequenos rasgos, que não se fecham nunca mais e ainda vão aumentar de tamanho. Tenho medo pra caramba, mas não dá para fugir. O bonde foi embora e não volta mais. Não tem problema. Prefiro arrumar um mapa do seu itinerário e fazer eu mesmo meu caminho.
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Queria indicar o filme NA NATUREZA SELVAGEM. É baseado numa vida real e inspiradora. A trilha sonora, para quem presta atenção, é do Eddie Vedder e também é estupenda.
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A gente se vê nesse "ACLAMADO" 2011.

COLD

Uma promessa idiota: Não porque "virou" o ano e essas baboseiras. Tocar com a Interlude, essa música: Para quem a promessa? para mim mesmo. Cold The Cure Scarred your back was turned curled like an embryo Take another face, you will be kissed again I was cold as I mouthed the words and crawled across the mirror I wait await the next breath your name like ice into my heart A shallow grave a monument to the ruined age Ice in my eyes and eyes like ice don't move Screaming at the moon another past time Your name like ice into my heart Everything as cold as life, can no one save you? Everything as cold as silence and you will never say a word And you will never say a word, you will never say a word Your name like ice into my heart, your name like ice into my heart