Claro que interpretações de filmes, ou musicas, ou qualquer forma de arte é individual. Cada um filtra por seu prisma. As variáveis podem ser muitas, como, idade, modo de vida, conhecimentos, experiências (que fazem identificar ou entender um filme ou não), pré-conceitos, nível de concentração, etc...Percebemos claramente isso ao discutirmos um filme com amigos (ou em em blogs, fóruns). Cada um entende de um jeito. Ou não entende. Já me falaram que Clube da Luta é um filme de violência gratuita e não tem história. Para mim, um dos melhores filmes filosóficos/psicológicos/
Nas dezenas de resenhas que li meio por cima por aí, já deu para perceber que pouca gente enxergou a profundidade e simbolos das cenas e história e só viu um "filme sobre dependentes químicos", sejam eles lícitos e indicados por médicos, ou ilícitos. Mas há muito mais no filme. Há muito mais vícios, dependências e anomalias mostrados em entrelinhas. Sonhos de grandeza, de vontade de ascender e "ser alguém na vida" não importa como, ciúmes, status, de esperanças vazias, ganância, luxúria, etc...
- que mostram a semelhança de uma abstinência seja de heroina ou hamburgers e bacon;
- de médicos impessoais e "traficantes" de drogas liberadas;
- de como confiamos na medicina moderna e enfiamos goela abaixo, drogas que nem sabemos o que é e como atuam;
- que as drogas lícitas podem ser tão assassinas quanto qualquer outra.
Como a que o rapaz "rouba" a T.V da mãe para bancar seu vicio em heroina, e a mãe desesperada, compra outra T.V para suprir seu vicio em... T.V.
O filme é forte e joga no colo do
expectador que todos somos viciados e nossos comportamentos são dependentes, em maior ou menor
grau e não importa do quê ou como. Viciados em dinheiro, em cultura pop,
em luxuria, em T.V, em celulares, carros, em comidas calóricas, café,
chocolate, em sonhar acordados...E tudo isso pode matar. Mais lentamente ou mais rapido, mas
mata. E o cardápio é infinito, é só escolher sua overdose em doses
homeopáticas ou na veia.
É um filme de horror moderno. Onde os monstros são os
mais terrivelmente humanos possíveis. Com nossos comportamentos
sonâmbulos e mecânicos movidos pela sedução.
A filmagem, as câmeras, atuações e trilha sonora são soberbas e alucinantes. Um filme que não sai da cabeça por muitos anos.
2 comentários:
Isso mesmo! Acredito que não saia da cabeça nunca, pois o assisti em 2006 e ainda lembro de cada cena como se tivesse sido ontem e também me lembro de cada sensação que tive ao assistir este filme e como agonizei junto com os personagens, por cada vício, seja até mesmo do hambúrguer.
maravilhoso... filme e post...
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