quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Requiem para um sonho...



 

Claro que interpretações de filmes, ou musicas, ou qualquer forma de arte é individual. Cada um filtra por seu prisma. As variáveis podem ser muitas, como, idade, modo de vida, conhecimentos,  experiências (que fazem identificar ou entender um filme ou não), pré-conceitos, nível de concentração, etc...Percebemos claramente isso ao discutirmos um filme com amigos (ou em em blogs, fóruns). Cada um entende de um jeito. Ou não entende. Já me falaram que Clube da Luta é um filme de violência gratuita e não tem história. Para mim, um dos melhores filmes filosóficos/psicológicos/comportamentais/sociológicos já feitos. idem a Magnólia, Vanilla Sky, Laranja Mecânica, De olhos bem fechados, Dogville, Brilho Eterno e muitos outros. Requiem para um Sonho é de 2000 e eu não o tinha visto. Não importa o meu atraso, o importante é tê-lo assistido agora. Antes tarde do que nunca. O filme se encaixa na mesma categoria dos citados acima, ou seja, cada um interpreta como lhe convém, de acordo com sua visão de mundo, e sempre é válido, porém, há muito simbolismo, muita coisa nas entrelinhas e é preciso um pouco mais para aproveitar as reflexões que o filme oferece.

Nas dezenas de resenhas que li meio por cima por aí, já deu para perceber que pouca gente enxergou a profundidade e simbolos das cenas e história e só viu um "filme sobre dependentes químicos", sejam eles lícitos e indicados por médicos, ou ilícitos. Mas há muito mais no filme. Há muito mais vícios, dependências e anomalias mostrados em entrelinhas. Sonhos de grandeza, de vontade de ascender e "ser alguém na vida" não importa como, ciúmes, status, de esperanças vazias, ganância, luxúria, etc...
Há cenas perfeitas:

- que mostram a semelhança de uma abstinência seja de heroina ou hamburgers e bacon;
- que o fato de (ser convidado) aparecer na T.V já muda a forma como os outros iguais a você te tratam, você até ganha um lugar melhor na calçada de tomar sol;
- das imagens mentais do ciúme, criando cenas que nem existem;
- onde o poder e o sexo fácil não suprem a falta de um carinho verdadeiro;
- de médicos impessoais e "traficantes" de drogas liberadas;
- de como confiamos na medicina moderna e enfiamos goela abaixo, drogas que nem sabemos o que é e como atuam;
- que as drogas lícitas podem ser tão assassinas quanto qualquer outra.

Há várias cenas extremamente simbólicas e despertadoras que estampam bem isso.



Como a que o rapaz "rouba" a T.V da mãe para bancar seu vicio em heroina, e a mãe desesperada, compra outra T.V para suprir seu vicio em... T.V.
O filme é forte e joga no colo do expectador que todos somos viciados e nossos comportamentos são dependentes, em maior ou menor grau e não importa do quê ou como. Viciados em dinheiro, em cultura pop, em luxuria, em T.V, em celulares, carros, em comidas calóricas, café, chocolate, em sonhar acordados...E tudo isso pode matar. Mais lentamente ou mais rapido, mas mata. E o cardápio é infinito, é só escolher sua overdose em doses homeopáticas ou na veia.
É um filme de horror moderno. Onde os monstros são os mais terrivelmente humanos possíveis. Com nossos comportamentos sonâmbulos e mecânicos movidos pela sedução.

A filmagem, as câmeras, atuações e trilha sonora são soberbas e alucinantes. Um filme que não sai da cabeça por muitos anos. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Nossos acusticos, nossos sonhos, nossas loucuras...



 

Nossos acústicos estão bem legais. Estamos aos pouquinhos incorporando ao repertório novas músicas que amamos e esperamos que quem assiste também venham a descobrir e gostar também.

O repertório agregado dos dois últimos foi esse aqui, se não me esqueci de alguma música. Algumas rolaram em um, outras no outro, sábado agora. As participações estão sendo muito especiais também. Ian e eu agradecemos as valiosas participações da Camila, do Ricardo Zumbido, Vitor, Alex, bar man do Pub, que além de nos servir muito bem, ainda manda ver um Pearl Jam na voz e violão.


 A Letter to Elise (The Cure)
 A Little respect (Erasure) (Com Ricardo Zumbido)
 A Night like this (The Cure)
 All my life (Foo Fighters) (Ian solo)
 ASK (The Smiths) (Com Ricardo Zumbido)
 Bigmouth strikes again ( The Smiths) (Com Ricardo Zumbido)
 Black (Pearl Jam) (com Alex, After Dark Pub)
 Black Star (Radiohead)
 Boys don’t cry (The Cure)
 Bring on the dancing horses (Echo and the Bunnymen)
 Cherub Rock (Smashing Pumpkins)
 Clocks (Coldplay)
 Disarm (Smashing Pumpkins)
 Doing to unstuck (The Cure)
 Don’t look back in anger (Oasis) (Com Vitor)
 Everlong (Foo Fighters) (Ian solo)
 Fake Plastic Trees (Radiohead)
 Friday i’m in love (The Cure)
 From above (Ben Folds) (Com Camila)
 Heaven or Las Vegas (Cocteau Twins)
 Head over Feet (Alanis Morrissete) (Com Camila)
 Here comes your man (Pixies)
 Here's where the history ends (The Sundays) (Com Camila)
 High and Dry (Radiohead) (Com Vitor)
 Hummer (Smashing Pumpkins)
 I Have Forgiven Jesus (Morrissey) (Com Ricardo Zumbido)
 Imitation of life (R.E.M)
 I Might be wrong (Radiohead)
 Is the end of the world as we know it (R.E.M) (Ian solo)
 Just like Fred Astaire (James) (Com Ricardo Zumbido)
 Just Like Heaven (The Cure)
 Karma Police (Radiohead) (Com Humba)
 Landslide (Fleetwood Mac)
 Let me kiss you (Morrissey) (Com Ricardo Zumbido)
 Linger (Cranberries) (Com Camila)
 Losing my religion ((R.E.M)
 Lullaby (The Cure)
 Mint car (The Cure)
 Moving (Supergrass)
 My hero (Foo Fighters)
 No cars go (Arcade Fire)
 Ode to my Falimy (Cranberries) (Com Camila)
 Os barcos (Legião Urbana) (Sam solo)
 Out of this world (The Cure)
 Paranoid Android (Radiohead) (Com Humba)
 Rescue (Echo and the Bunnymen) (Com Ricardo Zumbido)
 Rust (Echo and the Bunnymen) (Com Ricardo Zumbido)
 Save a prayer (Duran Duran)
 Seven Seas (Echo and the Bunnymen) (Com Ricardo Zumbido)
 Silver (Echo and the Bunnymen)
 Sit Down (James) (Com Ricardo Zumbido)
 Soma (Smashing Pumpkins)
 Sonnet (The Verve)
 Suedehead (Morrissey) (Com Ricardo Zumbido)
 Summer (Bufallo Tom)
 The Boy with thorn in his side (The Smiths) (Com Ricardo Zumbido)
 The Blood (The Cure)
 The Catterpillar (The Cure)
 The Killing Moon (Echo and the Bunnymen)
 The Last day in summer (The Cure)
 The one i love (R.E.M)
 The Promise (When in Rome) (Com Ricardo Zumbido)
 There's a light that never goes out (The Smiths) (Com Ricardo Zumbido)
 Tonight tonight (Smashing Pumpkins)
 Trust (The Cure)
 Where’s my mind (Pixies) (Com Vitor)
 Zombie (Cranberries) (Com Camila)

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Oh sente-se
Sente-se perto de mim
Sente-se
Em solidariedade

Aqueles que sentem o ar de tristeza
Sentem-se perto de mim
Aqueles que acham que são tocados pela loucura
Sentem-se perto de mim
Aqueles que se acham ridículos
Sentem-se perto de mim
No amor, no medo, no ódio, em lágrimas

Oh sente-se
Sente-se perto de mim
Sente-se
Em solidariedade
James - Sit Down

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"A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia." Michel Foucault

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Friedrich Nietzsche

"Nos chamam de loucos, num mundo em que os certos fazem bombas." Bob Marley 
 
"A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos."
Erasmo 



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Notas Fantasmas



 Estou me adentrando aos poucos no mundo das cervejas especiais (o quanto o bolso deixa é o principal empecilho...hehe). Deixando-me levar pelos aromas e sabores complexos das ditas cujas. Gosto de vinhos também, mas essas cervejas e seus vários tipos de maltes e lúpulos tão diferentes e combinatórios são um espetáculo ao nariz e principalmente à lingua e garganta. Meu, o que são aquelas cervejas da Brewdog! Esses escoceses são malucos revolucionários e mestres da alquimia cervejeira. A última experimentada foi uma Punk IPA. Repleta de aromas frutados (maracujá, abacaxi ou pêssego?), borbulhas certeiras na lingua e céu da boca e um amargor acachapante no final. Sensacional! mas onde quero chegar? A Alquimia que me refiro é que, diferente do vinho, onde o ingrediente solitário é a uva, em seus mais derivados tipos, nas cervejas artesanais, a combinação dos ingredientes básicos, o tratamento, a fermentação, o descanso, etc... podem alterar consideravelmente todo o corpo e sabor do liquido. Como uma cerveja pode emitir aromas e sabores de maracujá, pêssego, pão, caramelo ou chocolate sem ter sequer esses ingredientes na sua receita? É de se refletir. São ingredientes da natureza, que, combinados, lembram outras coisas da própria natureza...É ou não é um mistério? Gosto de chamá-las de notas fantasmas. Isso sem falar das harmonizações com os pratos certos. É chocante!

 Outro dia no estúdio do meu amigo, conversávamos sobre o prazer incrível que a música nos proporciona. Ouvir música é bom demais. Ao vivo, melhor. Agora, tocar é melhor ainda. Ele me disse que num ensaio certa vez, com a banda no gás, os instrumentos perfeitamente afinados, os volumes milimetricamente ajustados, durante certos momentos, "aparecia" no ar uma nota, uma ressonância que nenhum dos músicos tinha tocado. Como se as combinações das notas tocadas naquele exato momento por todos, ao se misturarem, gerava uma "nota a mais", algo gerado no ar, no encontro das frequencias dos instrumentos. Uma nota que está ali mas não está. Isso é divino. Já senti isso váriass vezes e sei bem como é. Arrepiante. Sobrenatural. É por isso que continuo buscando novos sons incansavelmente. Para vez ou outra, me deparar com uma música muito especial. Para se juntar à minha coleção de músicas inesquecíveis.

É isso que grandes bandas fazem. É isso que um mestre cervejeiro faz. Um grande pintor, ou cineasta. As grandes músicas (como as grandes cervejas) e tudo o que é bom, precisa ser experimentado várias vezes. Porque? Porque em só uma única vez não é possível perceber todas as nuances, descobrir todas as camadas que, combinadas do jeito certo deixam o resultado final irresistível. Polifonias, dissonancias. Queremos descobrir como foi feito. Seja contemplando ou dissecando.

Pode apostar que aquelas músicas que você ouve faz 20 anos e que nunca cansa de ouvir tem dessas notas misteriosas escondidas. O segredo da boa arte é o mistério! E o mistério é o que nos move. Somos seres humanos e nosso objetivo é desvendar mistérios.