Que tamanho de peixe seremos? O que nos "fisgará" e nos fará parar de crescer? A fraqueza e entrega ou a arrogância e presunção?
Em Peixe Grande, acho que até mais do que contar a história de um contador de histórias, onde ele transforma os fatos "normais" em incríveis fábulas deixando a vida muito mais colorida e emocionante, também nos faz pensar em que tamanho de peixe queremos ser. No filme, o protagonista descobre desde muito cedo, que sua ambição é muito maior do que sua pequena cidade pode lhe oferecer, e lendo um livro científico, descobre que alguns peixes crescem de acordo com o tamanho do lago, ou aquário em que vive. (Há controvérsias se isso é verdade ou lenda). Verdade ou não, a analogia cabe maravilhosamente bem na nossa vida. Já que muito do que somos tem influência direta do meio em que crescemos e vivemos, fato. Desde a tenra infância até a vida adulta, as amarras das escolas, amigos, pais e sociedade limitam nossos sonhos e capacidades. Parece que já nascemos com carimbo de até onde podemos chegar. Que nosso intelecto e instintos, infinitos de possibilidades, uma hora estagna e não mais cresce. Criamos medos e com isso, também refúgios. Ambos das mais variadas formas possíveis. Medo de fracassar, medo do que os outros vão pensar, medo de mudar, de não se enquadrar, não ser aceito, medo de perder dinheiro, de não ganhar dinheiro, de perder amigos e em contra partida, os refúgios podem ser desde religiões (instituições), times de futebol, músicas e bandas, drogas, álcool, posses, trabalho (no sentido workaholic), obessões e compulsões em geral. Admiramos nos outros o que não tivemos coragem de fazer nós mesmos?
...
Já em Amelie, a história mostra todos ao seu redor como que
sonâmbulos, cegos e automáticos, enquanto ela vê a vida (dos outros),
estando de fora, com maior clareza. Muito representativo quando todo
mundo comenta uma tragédia/manchete (no caso, a morte de Lady Di) com
tanto luto e entusiasmo quando isso está tão distante de suas vidas e as suas
tragédias pessoais estão bem diante do espelho. Muito bonito quando ela,
assistindo a um programa qualquer na T.V, tem um insight e desperta para
sua própria vida. Se vê personagem dela e até de um quadro. Agora ela
precisa de uma dose de coragem para encarar a si mesma.
E nós? Temos coragem de enfrentar nossos medos e experimentar nossos limites? Desconfio que não quebraremos essa corda nunca, pois ela é fantasticamente elástica.
Quando a gente começa a
descobrir um pouco de nós mesmos, fazendo o que gostamos e brincando com
nossas limitações, avançando que seja centímetro por centímetro, cada
um no seu tempo, percebemos que não precisamos de ídolos. Que nossos
heróis também são de carne e osso e também erraram muito para conseguir
algo maior. Claro que podemos sofrer influências e nos inspirarmos uns
nos outros, isso é muito bacana e uma das coisas mais bonitas de um ser
humano com outro. Mas que o filtro esteja regulado e balanceado. Que a
inspiração não vire obcessão cega.E nós? Temos coragem de enfrentar nossos medos e experimentar nossos limites? Desconfio que não quebraremos essa corda nunca, pois ela é fantasticamente elástica.
E vamos todos nós nos desenvolvendo no nosso aquário e se um dia ele ficar pequeno demais, pular pra outro. Sem nunca esquecer de onde viemos.
Por outro lado e mais peculiar ainda, é quando aparece
algum chatão arrogante de plantão. Tocaram Soma, do Smashing Pumpkins?
Bah, prefiro a Siva. Tocaram Heaven or Las Vegas? do Cocteau Twins?
Duvido tocarem Lorelei.
Mas o gostoso é a recompensa. Já teve gente que tomou o
primeiro contato com Ludov, Volver, Gram, Pullovers, Cure ou Arcade Fire
pelas nossas singelas versões. Passaram a acompanhar esses artistas e correr
atrás de conhecer mais. Enfim. Cada um dentro do seu aquário e fazendo o que convém e acredita, muitas vezes sem agradar nem gregos nem troianos.
De toda forma, no nosso aquário tem os que não sabem e querem aprender, tem os que não sabem e não querem saber, tem os que sabem algo e se acham superiores e não querem aprender nem passar o que sabem e tem os sabem algo e adoram passar esse algo pra frente. Acredito que esses são os que podem pular para um aquário maior ou quem sabe navegar em lagos e viajar em correntezas incertas de rios tortuosos, mas só eles vão ver o que é que tem lá adiante depois da curva ou nas profundezas do oceano.
Enfim, enfim, enfim...cada um faz o que está ao seu alcance. E que alcance o que tiver que alcançar. Sabendo que estamos todos num áquario, seja ele o mesmo ou diferente, e não num oceano. Ainda...
De toda forma, no nosso aquário tem os que não sabem e querem aprender, tem os que não sabem e não querem saber, tem os que sabem algo e se acham superiores e não querem aprender nem passar o que sabem e tem os sabem algo e adoram passar esse algo pra frente. Acredito que esses são os que podem pular para um aquário maior ou quem sabe navegar em lagos e viajar em correntezas incertas de rios tortuosos, mas só eles vão ver o que é que tem lá adiante depois da curva ou nas profundezas do oceano.
Enfim, enfim, enfim...cada um faz o que está ao seu alcance. E que alcance o que tiver que alcançar. Sabendo que estamos todos num áquario, seja ele o mesmo ou diferente, e não num oceano. Ainda...
O mundo é simplesmente e exatamente do tamanho que o enxergamos.