Lembro das vaquinhas para comprar a bola nova. Das peripécias para pegá-la quando caia no telhado do vizinho (sempre o mais chato da rua).
Jogava por horas e dias a fio. Só parava porque tinha que almoçar ou dormir. E quando as mamães imploravam para não jogar mais depois do banho tomado, lá vinha o estrelão e os botões para amenizar a abstinência.
Bons tempos. Penso nisso num misto de alegria e tristeza. E também sinto-me um pouco privilegiado. Fomos, talvez, a geração que mais aproveitou tudo isso. Soma-se aí, os pipas, bolinhas de gude, pião, mãe da rua, rouba-bandeira...tudo em sua devida época. Porque o Futebol era supremo. Nas gerações anteriores, dos nossos pais e avós, eles tinham que trabalhar ainda muito jovens para ajudar em casa, os relacionamentos eram muito mais frios e rígidos...as posteriores perderam o espaço para edifícios e casas e carros nas ruas. Minha alegria vem de ter vivido com intensidade esses momentos mágicos e me dá uma ponta de tristeza saber que meus filhos pouco ou nada experimentaram dessa liberdade. Os parques são longes, eles dependem de mim ou que alguém os leve...não é a mesma coisa. Até as cobranças sociais podam o prazer de simplesmente bater uma bola. Ninguém precisa ser craque. Só precisa gostar. Ter prazer.
Lembrei de tudo isso porque voltei a jogar. Toda Segunda-Feira. Apesar de eu estar todo quebrado até agora, foi demais! É igual andar de bicicleta. Nunca se esquece, porém o corpo não é mais o mesmo...já sou veterano, vejam só. Mas fiz dois belos gols e fiquei contente...hehehe
2 comentários:
Eu gostava de jogar futebol. hehe
Obviamente, não jogava na rua, porque não tinha... Jogava na escola, com algumas meninas e às vezes alguns meninos pacientes o suficiente para jogar com a gente.
E adorava soltar pipa, também. Mas não usava cortante. Aí, os meninos educados diziam "ei, não corta aquela pipa vermelha, porque é de uma menina!" Hehe. Eu achava uma delícia ver o negócio voando tão longe...
Boa sorte na volta ao futebol.
Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma.
A bola é a mesma: forma sacra
para craques e pernas-de-pau.
Mesma volúpia de chutar
na delirante copa-mundo
ou no árido espaço do morro.
São vôos de estátuas súbitas,
desenhos feéricos, bailados
de pés e troncos entrançados.
Instantes lúdicos: flutua
O jogador, gravado no ar
- afinal, o corpo triunfante
da triste lei da gravidade.
Carlos Drummond de Andrade
In Poesia errante
Postar um comentário
fala que eu te escuto: